domingo, 3 de fevereiro de 2013

Posso mexer?

Muitas são as vezes que ao entrarem no Alfarrabista e após um longo olhar pelas prateleiras, olham de soslaio, um pouco sobre o ombro, como que a fazer uma pergunta em silêncio.
Sabem lá todos quanto entram na loja, que essa é a formulação mais ouvida. Seja em surdina, com apenas um olhar, ou invariavelmente com as palavras, "Posso mexer?"
Parecem crianças numa loja de doces, acariciando com o olhar as lombadas dos livros. Mas, tal como as crianças, invariavelmente, permanece a questão.
Para quem gosta de ler, para quem sente os livros e a leitura, como fazendo parte de um modo de estar na vida, não há nada como um tocar um livro. Passar a mão pela capa, sentir os relevos, admirar as gravuras e imagens, folheá-lo,sentir as páginas  e finalmente cheirar. Aquele cheiro indissociável e inesquecivel do livro antigo. Para alguns será o odor do pó, mas para muitos é o cheiro a lembranças de infância e palavras escritas e lidas num passado já distante.
E são capazes de passar largos minutos, deambulando por entre as prateleiras, virando e revirando, tirando um daqui e pondo ali. Deixam sempre no ar a ideia de que não querem desarrumar, que estão a dar trabalho.
Mas, como quem deste lado, também sente o mesmo ante os livros, a resposta, é dita também com o olhar e de sorriso aberto..."Sim, pode..esteja à sua vontade!"

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